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Outubro está a chegar ao fim sem novidades. Tem chovido praticamente todos os dias e já está um frio de rachar. Continuamos a aguentar-nos, mas vai sendo difícil. Há dias em que me pergunto se alguma vez vai ser fácil. Se haverá uma fase em poderemos descansar e fazer coisas "normais" sem termos que pensar que aquela meia dúzia de tostões (num pequeno almoço fora ao Domingo por exemplo) nos irá fazer falta. Não falo de grandes extravagâncias. Não falo já de fins-de-semana fora, de almoços ou jantares, de comprar livros, de ir ao cinema. Mas claramente fico com a ideia que cá em cima tudo isto são extravagâncias que ninguém comete, mesmo quem tem possibilidade de o fazer.
Fico pelos cabelos quando me dizem que o dinheiro não é tudo. Quando o banco me deixar pagar o carro em géneros (com os meus livros, por exemplo) concordarei. Até lá, enquanto isso não acontecer, não posso concordar. No outro dia disseram-nos "cometeram um grande erro quando compraram casa". Toma lá e arruma. Achávamos que tínhamos conseguido algumas coisas ao longo destes últimos 8 anos, mas na verdade não conseguimos. "A nossa casinha" onde agora vive o nosso inquilino. Os nossos móveis desmontados e guardados numa garagem. E nós aqui, a 800km de distância de tudo o que tínhamos como certo. Don't give nothing for granted.
Todos nós temos de viver com as opções que tomamos. Para bem e para o mal. Tenho de aprender a viver com as opções para o mal. Tenho tido dificuldade com isso. Mas não tenho uma máquina do tempo miraculosa para voltar atrás e resolve-las. Também tenho que me habituar a encaixar muita coisa, a ter jogo de elástico e a relativizar.
Acreditar que vou voltar para o Sol, para o salitre, para as palavras terminadas em -e, para o peixe assado, para as gaivotas. Para casa. Tudo é temporário.
Há dias em que acho que as coisas nunca vão melhorar.
Hoje é um deles.