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Na madrugada de 30 de Abril para 1 de Maio senti algumas contracções por volta das 2 da manhã. Iam e vinham com uma frequência de mais ou menos 7 minutos. Nada que não tivesse sentido antes e, portanto, nada de alarmante. Numa das vezes em que fui à casa de banho reparei num líquido cor de rosa. Estranho. Acordei o Filipe e mostrei-lhe o papel. Estava um bocado sem saber o que fazer. Se aquele líquido era efectivamente alguma coisa de importante ou se não valia muito a pena preocupar-me. Acabamos por decidir ligar ao Saúde 24. Expliquei toda a situação e sou informada que vão passar a chamada ao INEM. Ok. Tudo bem. Volto a explicar tudo o que se passa ao INEM. Pedem-me então informações para encontrar a casa. E eu digo que não preciso de transporte, moro a 5 minutos do Hospital. A resposta foi rápida: não, a senhora vai esperar pela ambulância deitada, virada para o lado esquerdo. Aqui confesso que me assustei. Até parecia que ia parir a qualquer momento, apesar de eu estar na maior. Vestimo-nos e viemos para a sala. Fiquei deitada no sofá e passado pouco tempo chegou o INEM. Dois senhores muito simpáticos. Mediram-me a tensão, o ritmo cardiaco, fizeram algumas perguntas e ala para o Hospital. O Filipe seguiu no carro atrás da ambulância. Na ambulância foi-se falando do caos que se vive nas estradas de Portimão. Está tudo em obras. Ainda demoramos um bocadinho a chegar ao Hospital (pelo menos foi o que me pareceu, mas a ambulância parece que passou vermelhos e tudo LOL).
No Hospital
Ao chegar ao Hospital fui a triagem e mandaram-me para o bloco de partos onde à minha espera estava a enfermeira O. Acho que não me vou esquecer. Bruta como as casas. Simpatia não fazia parte do vocabulário. Até este momento eu ainda não sabia se aquilo seria a minha primeira visita ou se seria a definitiva. A enfermeira fez-me um toque de trepar paredes. Mandam-me vestir a bata e sou enviada para o Bloco de Partos. Fomos para uma das salas de partos. Se nada obtasse seria ali que teria nascido a Teresa. Ligaram-me ao CTG. Fizeram o toque. Não havia dilatação. A médica veio observar-me. Logo na altura de uma contracção aproximou-se de mim e eu dei uma expiradela e saltou-se ela "não se respira para cima das pessoas!". Se a situação não fosse tão surreal, eu ter-me-ia rido. A parteira, não lhe fixei o nome, merecia uma estátua. Foi das pessoas mais doces e simpáticas que encontrei na passagem pela maternidade. Cerca das 9h00 serviram-me o pequeno almoço. Levantei-me e ainda o tomei na mesa. Café com leite e um paposeco com manteiga. Voltei para a cama e passado um bocado senti-me mal disposta. Ainda tocamos a campainha.. ainda pedi ao Filipe que me chegasse a arrastadeira... Tarde demais. Vomitei para o chão, para as calças do Filipe... enfim. Foi a desgraça. Va lá que as auxiliares tiveram pena do meu home e lhe arranjaram umas calças "à médico" para vestir. Fiquei com uma história para contar, até porque como disse a parteira "parto vomitado, parto abençoado". Ainda de manhã no meio de uma contracção em que tinha o Filipe a fazer-me massagens nas costas senti um "ploc" e a seguir a sensação de estar numa piscina de água quente. Não sei exactamente a que horas me disponibilizaram a "bola milagrosa". Sentei-me em cima da dita e rebolando fui controlando as contracções, até aqui muito fáceis de lidar. Serviram o almoço que seria para mim, ao Filipe. Às 14h a parteira visto as coisas não estarem a evoluir pergunta se queremos uma ajudinha medicamentosa. Respondemos que sim. Ela diz que se não aguentar se pára um bocadinho. Foi o período pior. Aguentei até às 15h30 cheia de dores. O cansaço já era muito porque até ali ainda não tinha dormido nada. Entre as contracções, sentada na bola, encostava-me ao Filipe e dormitava. Foi o momento mais doloroso. Quis desistir da ajuda medicamentosa, quis voltar às dores que tinha antes. Disse algumas vezes que aquilo era horroroso. O Filipe não me deixou desistir. "Já falta pouco amor. Só mais cinco minutos, vá lá..." Por volta das 16h, novo toque. Quase três dedos. Passado um bocado a parteira volta. Diz que falou com a médica e que como eu estou queixosa e tal vão me dar a epidural e que já chamaram o médico. O Dr. José Augusto, Deus lhe dê uma longa e boa vida, foi um anjinho. Foi de uma simpatia e dedicação impecável. O pai saiu da sala e eu levei a epidural depois de assinar a respectiva declaração de responsabilidade, com a letra já muito torta LOL. Não custou nada levar a dita. Às 16h25 já não havia dores. Estava no céu. Conversamos muito. Estivemos desde o início sempre sozinhos os dois, no escurinho, a ouvir a RFM. Nessa madrugada tocou que se fartou "Losing my religion" dos REM. Já passava das 17h quando a parteira entrou no quarto e disse que a bebé não estava a gostar daquele filme de ser apertada. Cada vez que havia uma contracção, o ritmo cardíaco baixava. Resolveu-se esperar mais um bocadinho perante a solução que seria cesariana. Não se esperou muito. A médica entrou no quarto e disse "meus amores, é assim... " Explicou a situação e a partir daqui foi tudo muito rápido. Apareceu novamente o Dr. José Augusto que me deu mais uma data de drogas. Mudaram-me de maca. Despedi-me do Filipe com um beijo e um sorriso. Custou-me muito deixá-lo, mais por ele do que por mim.
No Bloco Operatório
Fui levada para o bloco operatório onde nasceria a Teresa. Explicaram-me tudo. O médico não estava a gostar nada do ritmo do meu coração, ora muito acelerado, ora muito lento, mas as coisas acabaram por correr bem. Eu tinha muito sono, especialmente depois de todas aquelas drogas. Sentia-os mexer na barriga mas não sentia dor nenhuma. A certa altura ouvi chorar. Chorar bastante. "Já tem a sua filha..." Vieram-me as lágrimas aos olhos. Alguém comentou que tinha bons pulmões. Passado um bocadinho colocaram-na ao meu lado. Pude cheirá-la, beijá-la, fazer-lhe festinhas. Acho que se quisesse falar não conseguia. Devemos ter estado juntas uns 15 minutos. Em seguida levaram-na para cima, para junto do pai. Ficaram a acabar de coser-me. Isso pareceu-me uma eternidade. Fui depois levada para o recobro da cirurgia onde dormi um bocadinho e onde tremi bastante. Foi o início do de-stress. Levaram-me para o recobro da obstetrícia eram 21h. Assim que vi o Filipe acho que a minha alma se abriu. Acho que lhe dei um grande sorriso. Pouco depois dei de mamar à minha bebé pela primeira vez. Ela nasceu com fome e no entretanto deram-lhe um copinho de leite.
A estadia na maternidade
Não considero que tenha sido um parto difícil. Não considero que tenha sido traumatizante. Muito pelo contrário. Apesar das horas em que estive em TP, a epidural, a bola, as massagens e o constante apoio do Filipe tornaram as coisas bem mais leves. Continuo a dizer que tive um parto santo. A estadia na maternidade também correu bem. Tive alguns problemas com a amamentação que foram sendo resolvidos (especialmente na manhã da alta e depois em casa). Fui muito bem tratada por (quase) toda a gente. Porque não me lembro do nome de todos ficam a enfermeira "tia" Claúdia, o (futuro) enfermeiro Bruno, entre outros que foram mesmo mesmo impecáveis.
Durante os quatro dias de estadia na maternidade, partilhamos o quarto com vários outros bebés: os gémeos Gabriel e Nicole, o Pedro e o Tomás.
Nesses dias recebemos a visita dos avós maternos e da bisavó E., claramente emocionada que não evitou soltar umas lágrimas ao ver a primeira bisneta (já tem vários bisnetos mas todos rapazes). Nos dias seguintes passaram pelo hospital os meus pais, os primos A e F, a minha tia C. e as primas AP e J. Recebemos também visita da amiga C. e do marido.
Peço desculpa pelo post longo. Espero não me ter esquecido de nada para mais tarde recordar.
Em breve colocaremos uma foto da pimpolha.